Bonde na Av. Visconde de Cauhype (atual Av. da Universidade). Arquivo Luis Alencar
Estava retornando para casa na rota dominical costumeira, enquanto o mundo lá fora explodia como na música, o Benfica digeria mais um domingo de forma parcimoniosa. Sem sequer notar um pé vivente nas ruas, percebia as flores desfalecerem em ritmo primaveril, bailando ao sabor do vento, tudo ocorrendo na mais completa calma celestial. Ao parar no semáforo as desocupadas sinapses fazem um trabalho inesperado e ativam meu circuito nostálgico. Naquele momento fico lembrando que, apesar de nunca ter vivido a época, ali existiu uma rotatória e que os prédios vizinhos não eram mais que terrenos. Indaguei-me que saudade é essa de um tempo não vivido? Uma curiosidade até turística de conhecer a Fortaleza dos anos 50.
Ainda bem que este fenômeno não me é único, outros já sentiram a mesma sensação inusitada como podemos perceber na passagem do Águia de Haia.
“Eu tenho saudade do que não vivi. Tenho saudade de lugares onde não fui e de pessoas que não conheci. Tenho saudade de uma época que não vivenciei, lembranças de um tempo que mesmo sem fazer parte do meu passado, marcou presença e deixou legado. Esse tempo, onde a palavra valia mais do que um contrato, onde a decência era reconhecida pelo olhar, onde as pessoas não tinham vergonha da honestidade, onde a justiça cega não se vendia nem esmolava, onde rir não era apenas um direito do rei…” (Ruy Barbosa)
Senti uma pontada de inveja daquelas mangueiras centenárias que vivenciaram a gentil época de ouro, quando a violência não tinha motivo de ser e as mentalidades eram mais inocentes, até mesmo pueris. Negócios eram feitos usando fios de bigode como lastro. A palavra empenhada tinha mais valor que a tinta carregada pelas penas. Imaginei as diferentes conformações das ruas, a pavimentação poliédrica, os convescotes nas praças e jardins, e até mesmo o ruge ruge do dia a dia de uma população que mal sabia que dali pro futuro, a neurastenia seria alcunhada pelo anglicismo conhecido hoje como estresse. Tudo isso sem nunca ter vivido, apenas na imaginação de um saudosista contumaz.
De repente o semáforo tornou-se encarnado, a buzina impaciente gritou trazendo-me de volta dessa viagem temporal para os dias atuais. Mesmo assim o berro do bólido não cessou minha sede, ao contrário, aguçou a vontade e a curiosidade, fazendo a imaginação viajar nas imagens mentais da Fortaleza antiga. Cheguei em casa, visitei o Blog da Fortaleza Nobre e aplaquei a sanha de um saudosismo insaciável. E dessa forma mais um dia me separou daquela época gentil, do tempo dos quintais.
P.S: Recomendo a trilha sonora abaixo para acompanhar a leitura do texto.
Tentei começar pelo título, mas bolar um que seja digno da pretensa grandeza do assunto é demasiado difícil, hercúleo para minha rasa capacidade imaginativa. Dessa maneira deixarei para batiza-lo quando assim achar por bem.
Arrisco-me por a mão nesse tema delicado, várias vezes abordado por boêmios letrados de quinta grandeza. Entretanto não me refiro à boemia lá das adjacências do trópico de capricórnio, prefiro os estertores do equador, e é para esses que dirijo minha palavra.
Falar sobre Bar é um doce solfejar verborrágico, assunto enciclopédico e muito bem representado nessa crônica de Antônio Prata. Aqui em Fortaleza há uma coluna denominada Comes e Bebes do Jornal O Povo que sempre traz alguma preciosidade aquilatada por boêmios inveterados. E cá eu, reles aprendiz do bom beber e dos prazeres noctívagos, querendo trazer uma nova luz sobre essa pauta muito bem cuidada pelos mestres.
Os bares em Fortaleza
É consenso que a cultura alencarina privilegia o novo e estrangeiro. Esses traços únicos determinam a rota da boemia em nossa província capital. Bares mesmo, de datas longevas, contam-se aos dedos como o Bar do Chagas, Bar do Parente, Flórida Bar, Raimundo dos Queijos entre outros.
A juventude, em sua maioria, prefere o que há de mais novo em termos etílicos. Desde a escolha da bebida, passando pelo acepipe, chegando ao sacrossanto reduto. O que ontem era o ‘point’, agora é o rincão esquecido. A modinha é beber em locais com a marca praia. Imaginem só um Bar do Chaguinha Praia? Inimaginável! Esses locais não tem alma! A atmosfera é hemértica e estéril, onde o som alto sufoca a boa conversa ao som dos “tchu, tcha, tche, tche, rerê” da vida.
Sinceramente esses locais não me apetecem, nem me convidem para qualquer evento que o nariz irá torcer e a presença dificilmente será notada. Gosto mesmo é de bar com copo americano, cerveja servida pelo garçom amigo, uma boa música tocada por gente vivida e o dono uma extensão de minha família. Onde entro com o maior respeito e fico com peso na consciência por não voltar mais frequentemente.
Uma geração roubada da boemia assim posso dizer. Ainda bem que desde cedo fui bem encaminhado pelo meu pai a gostar desses tipos de botequins. Obrigado Seu Roberto pelas inúmeras noites o acompanhando, a pedido de minha mãe, nos bares mais furrecas da cidade. Se tenho uma herança valiosa a lhe agradecer é essa: a simplicidade na escolha do Bar.
Assim continuarei a labuta pleiteando o título de boêmio em suaves parcelas, com bons amigos que a cada dia fortificam mais minha fé que a vida está de fato ali. E não em alguma padaria, doceria ou barraca de praia. Três vivas aos Bares de Fortaleza!
Porém devido à impossibilidade da candidatura por ter caído na ficha limpa, pois bode Iôiô fora detido e fichado na Revolução que culminou com a queda do Governador Franco Rabelo, terei que optar por outro candidato de mesma envergadura.
Vários nomes me foram apresentados, com suas propostas repetitivas e até inconstitucionais. Contudo o que mais atraiu minha simpatia foi o Candidato M. Fortal X que me foi apresentado pelo Blog Diumtudo do Marvioli. Suas propostas bairristas, populistas e revitalizadoras fizeram-me sonhar com uma Fortaleza mais Belle Époque que nunca.
Como este simplório Blog já foi ameaçado de plágio pelo jornal local Diário do Outeiro e foi plagiado pelo Jornal O Molusco, o redator que vos escreve, escaldado, reserva-se o direito e não irá reproduzir o texto do Blog Diumtudo na íntegra, porém vou citar aqui as propostas mais empolgantes e compartilharei logo abaixo os links para o texto integral. Vamos lá?
Quinta sem caranguejo. Sim, caranguejo só aos sábados e domingos de dia e, nas praias.
Transformação do 23º BC e 10 º GO em um imenso parque municipal.
Tombamento dos bares do Benfica, iniciando pelo Bar do Chaguinha.
Redução da circulação de veículos de passeio e ônibus no centro da cidade. O transporte seria feito através de cocotaxi e bondes.
Implantação dos bondes no centro da cidade conforme traçado original.
O carro é meu adversário principal, portanto implantarei uma legislação restritiva a estacionamentos nas avenidas e principais corredores da cidade.
Face ao “estrago” perpetrado em nossa linguagem via rede globo e internet, adotaremos na rede pública municipal, os livros que tratam do “cearensês”.
Campanha de educação no trânsito e tolerância zero para infrações (sejam elas de motoristas, pedestres, ciclistas e motociclistas). Aqui teremos aumento de gasto com pessoal pois é necessário abrir concurso público para agentes de trânsito.
Ressurreição de rios e riachos da cidade de Fortaleza. Inicialmente ressucitaremos os riachos Pajeú, Jacarecanga e Macéio. É acabar com os canais subterrâneos e trazer à tona os rios e riachos que cortam a cidade.
Recuperação do Marco Zero da Cidade – Se Recife tem o seu, cadê o nosso ? Ele fica numa área “ocupada” por um pequeno estaleiro e um hotel. Recuperarei o nosso Marco Zero, e, para tanto o pequeno estaleiro e parte do hotel serão retirados de lá. O Ceará Music passará a se chamar “Música em Fortaleza” e será, não em um hotel, mas em um mega espaço público
Todo apoio ao maior Pré-Carnaval do País – Está consolidado. Mas esta proposta tem muito a ver com meu amigo Marvioli. Foi o único pedido que ele me fez. E, não se abandona um amigo. Ele está divulgando minhas propostas em seu blog. É o velho “Uma mão lava a outra”.
A Farra na Casa Alheia no dia 03 de Agosto vai reviver os melhores carnavais com o bloco mais querido de Fortaleza: o Bloco Luxo da Aldeia!
Os DJs Farristas Guga de Castro e Rodrigo Fuser fazem a festa no início e no fim.
Quer cantar as melhores marchinhas de carnaval, pular, brincar e relembrar que a música cearense é pura diversão. Venham no dia 3 de agosto curtir essa Farra é um Luxo.
Serviço: Luxo da Aldeia com os djs Guga de Castro e Rodrigo Fuser Local: Buoni Amicis Sport Bar http://www.buoniamicis.com.br Horário: A partir das 22h Ingressos: Na bilhteria no local Melhores informações: http://www.farranacasaalheia.com Telefone: 3250-1004
Aos heróis da resistência que vão ficar em Fortaleza, antes de tudo temos uma enorme admiração por vocês, por isso recomendamos a consulta da Agenda do Carnaval Oficial. Três Blocos de Pré Carnaval participarão do grito do FICO e vão desfilar no Carnaval. A estes então ficamos sem palavras para definir o sentimento por estarem lutando pela revitalização do Carnaval de Fortaleza. É muito fácil ser classe média cult bacaninha, participar de Baterias de Samba e no Carnaval abandonar a cidade. A diáspora é geral! Salves e todas as homenagens ao pioneiro Sanatório Geral, ao Luxo da Aldeia que esse ano estréia no Carnaval e ao Num ispaia senão num ienche. Um dia vocês serão lembrandos nos livros de história como os revolucionários. Parabéns!
Alô galera! Pensavam que tinha acabado? De forma alguma! O Pré Carnaval já ficou na saudade… Saudade daquele beijo na colombina esfuziante, do pierrot apaixonado, do casal de enamorados brincando de mãos dadas, do casal de velhinhos mais alegres e saltitantes da Praça. Nesse clima memorialista venho lhes perguntar: que tal mais uns vídeos?
O primeiro acima é uma pequena experimentação desse blogueiro que vos escreve. Para começar peço calma aos jornalistas pois o nível de amadorismo é estratosférico! Mas vejam bem: é carnaval! Vale tudo para registrar esses momentos indeléveis. Para lhes acalmar informo que inicio o curso de Jornalismo esse semestre portanto maracugina já! 😀
E o último vídeo é desse encontro memorável de gerações. As Emílias se encontraram no palco do Concentra Mas Não Sai. A Emília dos anos 80, do antigo Sítio do Pica Pau Amarelo, encontra-se com a nova Emília dos anos 2000 e com a Emília da nova geração 😀 Se Monteiro Lobato vivo fosse com certeza estaria orgulhoso de seu legado ser passado de geração a geração. Sem mais vamos conferir? Até mais povo!
Bom dia galera! E acabou… Não tem mais jeito… É com muito pesar que este último artigo é escrito. É findo o Pré Carnaval. Foi eterno enquanto durou parafraseando o poeta. As experiências vividas nunca serão esquecidas disse o músico Mateus Perdigão do Luxo da Aldeia. Nossa Aldeia luxuosa foi um verdadeiro sanatório de foliões sãos e conscientes do seu papel parafraseando o folião Daniel Fonsêca. Palavras e mais palavras de pessoas que viveram intensamente esses 8 dias de Luxo da Aldeia e Concentra Mas Não Sai. O Carnaval já bate a porta, eu, sinceramente, não tenho mais a mínima ansiedade. Meu carnaval já foi pulado rasgadamente no Benfica e na Praça do Ferreira. Vou fazer turismo em Olinda, tragicomicamente reverenciar ídolos alheios de um povo chato mas orgulhoso.
Emílias de Monteiro Lobato
A Praça do Ferreira acredito que nunca foi tão feliz quanto está agora. Ela tem um Bloco pra chamar de seu e estes foliões a defendem como se um Castelo fosse e eles guerreiros. Lá é o meu lugar, onde reside minha alma, meu espírito. No Benfica eu desfilo meu Carnaval misturado com Futebol. A Praça é mais cosmopolita, lá trata-se de tudo. Da última troça feita com a Prefeita até o que aconteceu na sociedade Nova Iorquina. Este é o palanque do nosso povo, o palanque de doidos varridos porém felizes.
Alegria, alegria
Chega de divagações, vou deixá-los com as fotos e aquele vídeo acima que tem 2 horas do nosso Concentra Mas Não Sai. Obrigado a todos pelas visitas e até mais.
Concentra Mas Não Sai!
Sábado, às 18h na Praça do Ferreira.
Leve sua alegria e fantasia para nosso baile carnavalesco 🥳🎊🎉🔥 à Praça do Ferreira https://www.instagram.com/p/Cn6z9NJupGI/?igshid=YTgzYjQ4ZTY=
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