Por dedicar este blog ao Pré Carnaval de Fortaleza, recebi de um jornalista a seguinte provocação: como atrair investimentos para o Carnaval e Pré Carnaval? O texto abaixo está na íntegra, contudo como espaço no papel vale ouro, o texto foi editado. Cliquem aqui para ver a versão que saiu no Jornal O Povo e logo abaixo o texto completo. Que sirva como reflexão para onde estamos levando nosso pré carnaval.
Atrair investimento privado para o pré carnaval requer, antes de tudo, a elaboração de um processo unificado de captação. De Pernambuco vem o exemplo, onde a prefeitura de Olinda lança edital de concorrência pública para patrocínio oficial. Não é privilegiado apenas o bloco do momento, todos os blocos recebem aporte financeiro de acordo com a proposta, estrutura, história e influência. Com esse contrato guarda chuva, Olinda protege os blocos menores de propostas abusivas. O patrocínio individual de cada bloco permanece desde que não seja concorrente do patrocinador oficial. O interesse coletivo é mais importante que o interesse individual de cada bloco.
Existem em nossa cidade 138 agremiações, das quais 60 são aquinhoadas com o edital da prefeitura em valores de até R$ 8 mil. Os grandes patrocinadores já escolheram a meia dúzia de blocos para apoiar. E o mais interessante é que os escolhidos são os que menos precisam do aporte financeiro, visto que realizam eventos o ano todo. E haja casamento, formatura, batizado, aniversário… Enfim, é um negócio lucrativo que faz com que a verba da Prefeitura seja um mero trocado. Fora isso, o maior patrocínio vem dos seus próprios foliões, que pagam mensalidades para frequentar as escolinhas de percussão para realizarem o sonho de desfilar como ritmistas no pré carnaval.
Já do outro lado estão os blocos ‘primos pobres’. Estes tem que recorrer a velha passada do chapéu, bingo de galeto e cachaça, venda de camisas, negociar pequenos patrocínios com as mercearias do bairro e realizar feijoadas de adesão para poder bancar a folia. O patrocínio privado nem os enxerga, ou se enxerga, as propostas são ridículas.
Ouvi falar de uma proposta de patrocínio para um renomado bloco do Benfica por parte de uma grande cachaçaria. A proposta era de R$ 1 mil mais 50 camisas e bonés da cachaçaria, material este inservível por parecer farda da empresa. Além disso, o patrocinador obrigaria, a título de contrapartida, o bloco a comprar 20 caixas de seus produtos, divulgar sua marca em toda a comunicação do bloco e no dia do pré carnaval os organizadores deveriam vender os produtos do patrocinador. E o valor proposto, repito, foi de apenas mil reais.
Bons exemplos podem e devem ser copiados. Se o nosso pré carnaval continuar sendo cada um por si, Dionísio não estará por todos.
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